quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tem soprado vento


Ainda é cedo para saber até onde mentiram os espelhos. o único consolo para a dor é saber que o desejo pode ser inesgotável. passo os dias absorvido com trabalhos caseiros. evito pensar em ti.
cavo, planto, enxerto, podo, varo, limpo, cozinho, arrumo, lavo. é cada vez mais importante não me lembrar de mim. tem soprado vento glacial, fortíssimo, o que me desiquilibra imenso. enfio um gorro de lã até às orelhas, mas de pouco serve, o vento fustiga-me à velocidade do sangue. tremo o dia todo, como se tivesse alguma febre maligna. há três dias que não como e vivo, enroscado, junto à lareira. durmo no chão, mantenho o fogo aceso noite e dia.

Al Berto

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