domingo, 22 de abril de 2012

Eu sei


Eu sei que as túlipas são os olhos de todos os aviões perdidos
Eu sei que as cidades são os esqueletos das aves de rapina
Eu sei que os candeeiros ardendo de noite são os pulmões dos peixes-voadores
Eu sei que o mistério é uma dentadura abandonada
Eu sei que a loucura é um braço solitário sorrindo eternamente
Eu sei que os meus olhos são as tuas pernas frementes
Eu sei que os teus cabelos são o meu acendedor de pirilampos
Eu sei que a tua boca é o meu uivo solar
Eu sei que o teu peito e o teu sexo são a minha água profundamente azul
onde se encontram todos os fantasmas já perdidos há séculos.


Mário Henrique Leiria