quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Como quem se despe


Risquei o último fósforo
e estou agora vazia,
não esperando sequer
o deserto. Posso de novo
sublinhar os livros
sem pensar noutros olhos,
numa vontade que não coincida;
como quem se despe
de portas abertas, luzes acesas,
buracos na roupa,
indiferente ao desejo
de vizinhos e espelhos.
 
Sou finalmente o único fantasma
da minha vida inteira.




Inês Dias