quarta-feira, 28 de janeiro de 2015




as horas tão pesadas depois de te ires embora 
começarão sempre a arrastar-se cedo de mais 
as garras agarradas às cegas à cama da fome 
trazendo à tona os ossos os velhos amores
 órbitas vazias cheias em tempos de olhos como os teus
 sempre todas perguntando se será melhor cedo de mais do
 que nunca 
com a fome negra a manchar-lhes as caras
 a dizer outra vez nove dias sem nunca flutuar o amado
 nem nove meses
 nem nove vidas 





 Samuel Beckett
(Foto de Laura Makabresku)